OEA
inicia auditoria do resultado da eleição na Bolívia
Oposição não reconhece medida
Publicado
em 31/10/2019 - 12:04
Por Marieta
Cazarré - Repórter da Agência Brasil Montevidéu
Uma missão de especialistas da
Organização dos Estados Americanos (OEA) começará, hoje (31), uma auditoria do
resultado da eleição para presidente da República na Bolívia. A auditoria,
realizada por 30 especialistas de diversos países, deve levar, no máximo, 12
dias para ser concluída. A intenção é verificar se houve manipulação de dados e
fraude em favor do partido Movimento ao Socialismo (MAS), do atual presidente
Evo Morales.
Ontem (30), dez dias após as
eleições e nove dias de protestos em todo o país, com dois mortos e cerca de
160 feridos, o governo da Bolívia e a OEA fecharam um acordo para a realização
da auditoria da votação realizada no dia 20 de outubro. A oposição, liderada
pelo candidato Carlos Mesa, principal opositor de Evo Morales nas eleições, não
reconhece a medida, e afirma que os termos foram definidos unilateralmente, sem
a presença de representantes da oposição e da sociedade civil.
A vitória de Evo Morales no
primeiro turno das eleições provocou protestos - Reuters/Ueslei
Marcelino//Direitos reservados
“A auditoria acordada entre a OEA
e o candidato do MAS não consultou o país nem nossas condições, principalmente
as de ignorar os resultados dos cálculos feitos pelo TSE (Tribunal Supremo
Eleitoral) e a participação necessária de representantes da sociedade civil no
processo. Não aceitamos a auditoria nos termos atuais, acordados
unilateralmente”, diz o comunicado do partido Comunidade Cristã..
O governo boliviano, em comunicado
transmitido pelo ministro da Comunicação, Manuel Canelas, pediu ontem (30) a
Carlos Mesa, do partido Comunidade Cidadã (CC), para expor as condições
necessárias para que acate o processo de auditoria. “Nós pedimos à Comunidade
Cidadã, pedimos ao senhor Carlos Mesa, que nos enviem quais são as condições
para acompanhar e apoiar o processo de auditoria", disse Canelas.
"Estamos abertos na medida
em que queremos encontrar soluções, estamos confiantes de que eles nos enviarão
suas condições", acrescentou.
O chanceler boliviano, Diego
Pary, disse que a auditoria permitirá sanar qualquer dúvida que possa haver
sobre a credibilidade da apuração. "Temos certeza absoluta de que o
processo foi desenvolvido com toda a transparência e será a auditoria que finalmente
certificará como o processo foi desenvolvido e qual é o resultado deste
trabalho".
Entenda
O sistema de contagem rápida de
votos do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia antecipou um segundo turno
entre Morales e Mesa na noite das eleições, no dia 20 de outubro. No entanto,
após a temporária suspensão das apurações, que suscitou suspeitas e
reclamações, o TSE anunciou uma mudança de tendência e finalmente declarou a
vitória de Morales no primeiro turno com 47,08% dos votos, contra 36,51% de Mesa.
A lei boliviana atribui a vitória
no primeiro turno com mais de 50% dos votos ou com 40% e uma vantagem de 10
pontos percentuais sobre o segundo.
Saiba mais
- Com 99,99% das urnas apuradas, Evo Morales comemora vitória na Bolívia
- Missão da OEA defende segundo turno presidencial na Bolívia
Edição: Fernando
Fraga
Comentários
Postar um comentário