Produtos
típicos de festas juninas sobem 9,15%, diz FGV
Publicado em 12/06/2019 - 16:47
Por Alana
Gandra - Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
Os preços
dos produtos utilizados no preparo dos pratos típicos de festas juninas
mostraram alta de 9,15% nos 12 meses compreendidos entre junho de 2018 e maio
deste ano, superando a inflação acumulada no período pelo Índice de Preços ao
Consumidor-10 (IPC-10), da Fundação Getulio Vargas (FGV), que ficou em 5,06%.
Entre os
produtos procurados pelos consumidores, destaque para a batata-inglesa, que
subiu 98,13%, couve (24,43%), farinha de trigo (21,75%), leite de coco
(17,80%). O economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre-FGV) e
coordenador do IPC, André Braz, analisou que produtos como a batata-inglesa
apresentam essas "taxas extremas" em alguns momentos do ano.
Essas
taxas dependem de condições de safra que, nos últimos meses, não foram muito
favoráveis, o que acabou possibilitando essa variação em 12 meses. "Não
quer dizer que seja uma situação permanente porque, como são lavouras curtas, a
oferta se restabelece rapidamente e os preços tendem a devolver toda essa
gordura, todo esse aumento acumulado nos últimos meses. O ponto principal é que
esses aumentos não são duradouros", afirmou.
Câmbio
Outros
itens componentes da cesta, principalmente os derivados do trigo, soja e milho,
tiveram aumentos mais fortes porque, no ano passado, ocorreu uma desvalorização
cambial maior. Este ano, Braz disse que o câmbio anda estável, devolvendo um
pouco da valorização nos últimos dias. "Mas o acumulado em 12 meses ainda
fica pressionado". Como os preços das commodities (produtos
agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional) são negociados
em bolsa, em especial milho e trigo, os preços dos derivados subiram muito,
apresentando aumentos de dois dígitos. Isso tende a inflar também um pouco a
variação média da cesta feita para esse período do ano.
Entre os
alimentos in natura, como batata-inglesa e couve, não há tendência
de que a alta perdure por muitos meses. "A gente está vendo na coleta de
preços do segundo trimestre uma desaceleração muito forte nessas famílias 'in
natura' e ela deve durar, pelo menos, até o final de julho, início do terceiro
trimestre.
Pastagens
Em
relação às proteínas, como carnes bovinas, que subiram 6,89% em 12 meses,
linguiça (6,66%) e salsicha e salsichão (12,30%), André Braz observou que elas
dependem do preço das grandes commodities, porque o gado se
alimenta de rações à base de milho e soja, e também devido a condições de
pastagem. Nesse período de inverno, com poucas chuvas, afirmou que isso
compromete o estado das pastagens e prolonga o aumento do preço de proteínas.
O
economista do Ibre-FGV avaliou que na família de produtos comprados para as
festas juninas, o que tem mais chance de recuar no curso prazo são os produtos
'in natura', isto é, produtos de feira livre.
Para os
consumidores que pretendem organizar festas juninas, André Braz aconselhou que,
como se trata de festas sociais, a melhor maneira de driblar o aumento de
preços generalizado nessa cesta é dividindo as despesas. "Se cada um levar
um pouquinho, não vai pesar para ninguém e a festa vai ficar bonita. Já se
ficar por conta de uma pessoa só, não vai ter orçamento para a festa,
não".
Dentre os
itens da cesta que apresentaram queda, destaque para farinha de mandioca
(-23,47%), bolo pronto (-1,98%), açúcar refinado (-0,67%) e bebidas destiladas
(-0,02%).
Edição: Valéria Aguiar
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