Inflação
de 2019 não deve extrapolar meta, diz Ipea
Publicação destaca preocupação com preço de
alimento e combustível
Publicado
em 23/05/2019 - 21:26
Por Gilberto
Costa – Repórter da Agência Brasil Brasília
A inflação medida pelo IPCA em 2019 não deve
extrapolar a meta estabelecida pelo governo, de 4,25%. A projeção é do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que publicou nesta quinta-feira
(23) nova edição da Carta de Conjuntura.
Segundo o texto, nos últimos 12 meses, a inflação foi de 4,08%.
Apesar de manter-se na meta, o
documento assinala preocupação com impacto do aumento de preço dos alimentos e
com custo dos combustíveis. “O comportamento dos preços dos alimentos, que
acumulam alta de 9,1% nos últimos 12 meses, encerrados em abril, foi o
principal determinante da revisão de 3,85% (divulgado em março na Carta de
Conjuntura) para 4,08% da projeção para o IPCA de 2019”.
O aumento do preço dos alimentos
preocupa os economistas impacta mais as classes com menor poder aquisitivo.
“São alimentos de subsistência, muito importantes para o consumo da população”,
aponta a economista Maria Andréia Parente Lameiras, técnica de planejamento e
pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea.
“A população mais pobre é que
está mais sofrendo com desemprego, menos escolarizada, que está há mais tempo
procurando trabalho. Ainda são a faixa que tem a inflação maior e tem poder
aquisitivo mais corroído. Assim, a situação fica pior ainda”, disse a
especialista
Segundo ela, a alta inflação dos
preços dos alimentos – em especial, o feijão, a batata e o tomate – foi causada
por diminuição da oferta em razão do regime de chuva de março e abril.
Cenário internacional
No caso dos combustíveis, o problema
está fora do Brasil. “Os preços de combustíveis acompanham o cenário
internacional, que assiste movimento de alta no preço do barril de petróleo”.
Maria Andréia lembra que o ambiente de guerra comercial entre Estados Unidos e
China impacta todo o comércio internacional, e que uma eventual guerra entre os
EUA e o Irã pode piorar a situação. “Aí vai ser alta no preço do barril do
petróleo na veia”, prevê.
A economista lembra que
internamente a alta do dólar também força aumento dos combustíveis. Ela alerta
que a indefinição do encaminhamento da reforma da Previdência favorece a
apreciação do câmbio e impacta o preço de produtos importados como a gasolina
refinada.
A incerteza do encaminhamento das
reformas pode afetar o crescimento econômico por dissuadir investimentos e não
gerar empregos. Nesse cenário, os preços tendem a não aumentar. “O preço está
ligado à oferta, mas também à demanda. Não estamos vendo a demanda com chance
de recuperação. Há 13 milhões de pessoas desempregados. Se essas pessoas não consomem
não tem como ajustar preço”, explicou a economista.
De acordo com a Carta de
Conjuntura, a piora recente da atividade econômica reduziu projeções para a
inflação de bens livres (exceto alimentos) de 1,7% para 1,2%, e para o setor de
serviços, (excluindo educação) de 3,7% para 3,5%.
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Edição: Denise
Griesinger
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