No Rio, secretaria lança pesquisa sobre assédio nas
empresas
Publicado em 20/03/2019
- 18:13
Por Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do
Rio de Janeiro lançou hojepesquisa que vai servir de base para
uma campanha educativa de combate ao assédio sexual e moral e à violência
contra a mulher dentro das empresas.
Ao lançar a pesquisa, em evento na sede do Conselho Estadual dos
Direitos da Mulher (Cedim), a secretária Fabiana Bentes disse que o objetivo
inicial é fazer um diagnóstico sobre a percepção que as funcionárias têm da
situação vivenciada, inclusive dentro de casa. Posteriormente, serão oferecidos
recursos para combater as práticas abusivas.
“É uma análise exploratória, vamos passar para a Firjan [Federação da
Indústria do Rio de Janeiro], Fecomércio, Associação Comercial do Rio de
Janeiro, Mulheres do Brasil [instituição da empresária Luiza Trajano de combate
à violência], para ser distribuída para empresas privadas e públicas, para que
a gente possa entender como é a percepção da mulher, se ela está sofrendo
assédio ou uma violência no trabalho. ”
De acordo com Fabiana, o link com um questionário será
enviado às empresas, que vão repassá-lo para as funcionárias. As respostas
serão enviadas para a secretaria e as pessoas e as empresas não serão
identificadas. Após a sistematização, dos resultados, soluções serão
apresentadas.
“Vamos propor muitas situações e a empresa privada adota o que achar
mais conveniente, como palestras educativas, capacitação, terapia de reflexão
com os funcionários, avisos por todas as áreas sobre o que é assédio e contato
com uma ouvidoria, ou mesmo orientações para entrar em contato com a
secretaria”.
Para o assessor do Conselho de Responsabilidade Social da Firjan, Wagner
Ramos, a pesquisa é bem-vinda e vai mapear o real cenário no ambiente de
trabalho.
“A diversidade é um assunto que a gente vem tratando no âmbito
empresarial, como uma questão estratégica para os negócios, em termos de produtividade
e de gestão de risco. Acreditamos que todo contexto de violência de gênero é um
contexto em que as empresas precisam se debruçar, entender e criar mecanismos
de combate. ”
Porta-vozes da
causa
Participaram do evento três mulheres que sofreram violência doméstica
e denunciaram o caso, tornando-se porta-vozes da causa. Uma delas, a empresária
e ex-modelo Luiza Brunet disse que, depois de ser espancada pelo namorado em
2016, resolveu fazer trabalho voluntário para fortaleceras mulheres agredidas.
Luiza disse que pretende fundar uma organização não governamental (ONG) ou um
instituto de acolhimento da mulher agredida.
“Toda mulher que ouve a gente falar se identifica com algum tipo de
violência, é uma linguagem comum entre nós. Isso emociona. Eu sofri violência doméstica
a vida inteira, desde adolescente, em uma época que não se falava nisso e a
gente achava que era normal. Graças a Deus, essa porta se abriu, para possamos
falar mais, fazer denúncia, incentivar as mulheres”, afirmou.
Luiza disse que também foi vítima de violência no trabalho. “A pesquisa
é fundamental. Eu sofri violência nos empregos que tive na adolescência, dos
quais eu saía, porque não achava certo. Quando comecei a ser modelo também
aconteceu, porque naquela época, ser modelo era sinônimo de mulher desclassificada.
”
Luiza ainda destacou a importância da Lei Maria da Penha na proteção e
combate à violência doméstica no país.
Elaine Caparroz sugeriu um levantamento nas escolas - Redes
Sociais
Elaine ainda está se recuperando emocional e fisicamente da agressão
sofrida no dia 16 de fevereiro último. “Sou uma mulher forte, me sinto
otimista, mas não vou negar que ficam algumas sequelas. Fico triste, quando
lembro. Meu rosto está todo desfigurado ainda, está demorando para voltar,
vou ter que fazer vários tratamentos, está muito longe do que era.
Então, é difícil me olhar no espelho e não me encontrar. E eu tenho que me
reencontrar, estou sendo forte”.
A atriz Cristiane Machado, que instalou câmeras em casa, no ano passado,
para flagrar a agressão que sofria do marido, o empresário e ex-diplomata
Sergio Schiller Thompson-Flores, lembrou a importância de denunciar os casos e
se juntar a outras mulheres para se fortalecer. Ela denunciou seu caso
publicamente, em novembro.
“Eu me casei, então é muito difícil. Eu quase morri pelas mãos do meu próprio
marido, que eu pensei que seria o homem da minha vida. Estou fazendo minha
parte, porque isso alimenta a gente, para se curar do que aconteceu, e levar
mais vozes para que as mulheres tomem coragem para denunciar e seguirem suas
vidas”.
Edição: Maria Claudia
Tags: SECRETARIA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DIREITOS
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